Previdência Privada: Vale a pena?
Por Alfredo Vidiri - 23/03/2023 11:02

Os Fundos de previdência privada se assemelham aos fundos de investimento e são comumente utilizados como uma complementação da previdência social (INSS).

Apesar da semelhança, a previdência privada possui características próprias, como:

• Dedução tributária: os valores aportados nos fundos PGBL podem ser abatidos na renda tributável, com um limite de 12%;

• Alíquota reduzida: além do benefício fiscal da dedução, a modalidade regressiva garante a redução do imposto de renda pago até um piso de 10% após 10 anos da primeira contribuição;

• Portabilidade: é possível troca de plano e de fundo na fase de contribuição sem precisar resgatar os recursos investidos;

• Limitação: os fundos de previdência privada são fortemente regulados e possuem rígidas restrições nas exposições a diferentes classes de investimento;

• Instrumento para sucessão patrimonial: há isenção tributária na transmissão da previdência privada para os herdeiros.

• Não há Come-cotas: esta forma de adiantamento do imposto de renda não ocorre nos fundos de previdência privada.

Há várias características que destacam a previdência privada entre outros veículos de investimento. Contudo, é importante entender a fundo seu funcionamento e verificar se realmente faz sentindo a inclusão deste instrumento dentro de seu portfólio de investimento.


A ausência do come-cotas, como ela afeta?

O come cotas é um imposto cobrado na maioria dos fundos multimercados e renda fixa e ausente apenas nos produtos classificados como ações e na previdência.

Ele é a antecipação do imposto que incidiria sobre os lucros do investidor no momento do resgate, ou seja, é um dinheiro retido compulsoriamente duas vezes ao ano (maio e novembro) antes mesmo do investidor acessá-lo.

Sem esse imposto, os recursos podem permanecer aplicados, rendendo no fundo e beneficiando o investidor.

Para simular o que isso potencialmente representa, colocamos um horizonte de investimento de 10 e 30 anos de alocação para um investimento inicial de R$ 10 mil a uma taxa de juros anualizada de 7%. A simulação foi feita já com a aplicação do imposto de renda (10%, válido para todo investimento em previdência a acima de 10anos) no momento do resgate ao fim de cada prazo, para que seja possível ver o exato efeito líquido do come-cotas no tempo. Por esse motivo, optamos por apresentar a simulação com um plano VGBL, em que é possível ver com clareza o lucro do investidor no final do processo, sobre o qual o imposto incidirá. Uma simulação com PGBL prejudicaria o exercício por que não permitiria visualizar as vantagens obtidas pelo investidor no decorrer do tempo, já que há uso da compensação tributária.


PGBL ou VGBL?

As siglas PGBL (Programa Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) são nomes das modalidades de planos disponíveis na previdência privada. Mas afinal, o que há de diferente neles?

A principal diferença está na incidência de impostos. Em caso de resgate no VGBL o imposto de renda é calculado apenas sobre o rendimento da aplicação. Já no PGBL é sobre o montante total do resgate.

Segue um exemplo para ilustrar: um resgate de uma aplicação no valor de R$ 100.000,00, dos quais R$ 60.000,00 são da aplicação inicial e R$ 40.000,00 são de rendimentos. Caso o plano seja VGBL e a alíquota seja 15%, o imposto pago será de R$ 6.000,00. Se o plano for PGBL e a alíquota for 10%, o imposto pago será de R$ 10.000,00.

Além de decidir o plano você deve decidir o regime tributário. Há dois tipos: REGRESSIVO e PROGRESIVO. No regime Regressivo, a alíquota varia de acordo com o tempo de permanência do plano. Veja a tabela abaixo:



Pelo regime Progressivo a alíquota varia de acordo com a faixa do benefício mensal, assim como o Imposto de Renda. Veja a tabela abaixo:

Outra diferença é a possibilidade de dedução tributária nos planos PGBL. Esta característica só é aproveitada para quem declara o imposto de renda na modalidade completa e está limitada a 12% de sua renda bruta anual. Importante recordar que só é possível usufruir deste benefício caso contribua regularmente para o INSS.

Desta forma, o VGBL é indicado para pessoas que não possuem a obrigatoriedade de declarar imposto de renda ou que declara pelo modelo simplificado. Já o PGBL é indicado para quem declara através do modelo completo do imposto de renda.

Já nas modalidades de tributação, a regressiva é interessante para investimentos de longo prazo, já a progressiva pode ser mais vantajosa para resgates de curto prazo e benefícios mensais mais baixos.


PGBL oferece um abatimento tributário vantajoso, mas é nocivo se usado por quem não faz a declaração completa. Conforme explicado anteriormente, o modelo de compensação tributária oferecido pelo plano PGBL existe porque a tributação dos recursos será feita, no futuro, sobre todo o montante investido. Para saber se o ideal é escolher a declaração simples ou completa, o investidor precisa calcular quais são as despesas dedutíveis, incluindo as contribuições as um plano PGBL (ou simulações, caso o investidor esteja estudando a contratação de um plano). Se esse número for menor do que 20% das receitas tributáveis, até o limite de R$16mil, o melhor modelo de declaração será o simples–e o VGBL, portanto, o plano mais indicado. Se superar o montante equivalente a 20% ( ou o teto de R$16mil), a declaração completa é ideal, e um PGBL caberá bem neste caso.


Planejamento Sucessório

A previdência privada pode ser utilizada para planejamento sucessório. Os recursos não entram no inventário, o que acelera o acesso dos beneficiários ao montante financeiro e reduz os custos.

Contudo, é necessário que sejam tomadas algumas precauções. Por não entrar no inventário, os valores dentro da previdência privada não são submetidos às regras de sucessão contidas no Código Civil, abrindo possibilidade de fraudar os herdeiros.

O Código Civil determina que ao menos 50% dos valores dentro do inventário sejam destinados aos herdeiros necessários, os 50% restantes podem ter destinação diversa. Por não entrar no inventário, os valores da previdência privada vão para o beneficiário do plano, que não necessariamente é um herdeiro.

Por este motivo, há decisões judiciais a favor de incluir a previdência privada dentro do inventário quando se identifica a fraude aos herdeiros ou a utilização da previdência meramente como instrumento de investimento financeiro.


Conclusão

Investir na previdência privada requer uma análise centrada em seu orçamento e objetivos. Talvez as soluções da previdência privada encaixam na sua realidade.

A Sapiens fornece todo o suporte para que você escolha uma previdência privada coerente com os seus objetivos.

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